De que adianta?





De que adianta ganhar tanto dinheiro e não poder comprar a “dita felicidade”?
De que adianta juntar tanto cacareco e não poder esvaziar as gavetas das mágoas?
De que adianta dar o que sobra e não poder tirar do que se tem?
De que adianta bater no peito dizendo não faço o mal e não poder fazer o bem?
De que adianta trabalhar tanto e não poder amar o que se faz?
De que adianta casar e não poder viver a dois?
De que adianta falar e não poder agir coerentemente com o dito?
De que adianta falar muitas línguas e não poder se comunicar com o outro ao seu lado?
De que adianta ter filhos e não poder pagar o preço de ser pai ou mãe?
De que adianta dizer “sim” e não poder conter a falta dos “nãos”?
De que adianta rezar e não poder agradecer pelo que se tem e pelo que se é?
De que adianta estudar e não poder passar seu legado para o próximo que deseja aprender?
De que adianta seguir em frente e não poder encontrar uma direção verdadeira?
De que adianta abrir a boca dizendo “eu te amo” e não poder suportar as agruras do relacionamento?
De que adianta falar a verdade e não poder agir sem mentiras?
De que adianta correr feito louco e não poder usufruir do ócio ainda que criativamente?
De que adianta chorar e não poder ir além das reclamações e das lamúrias?
De que adianta esperar flores e não poder sequer plantar a semente necessária para a colheita?
De que adianta sorrir e não poder ser transparente quando a realidade nos afronta?
De que adianta ter medo de morrer e não poder investir esforço no cuidado com a saúde?
De que adianta criticar o próximo e não poder olhar para dentro de si em busca de seus defeitos?
De que adianta investir tempo em discussões inúteis e não poder encontrar soluções palpáveis?
De que adianta exigir respeito do outro e não poder ter a consideração de se respeitar primeiro e necessariamente nessa ordem?
De que adianta construir castelos e não poder mantê-los por falta de uma estrutura firme que se sustente?
De que adianta colecionar relacionamentos e não poder se fixar em nenhum por medo de ser feliz?
De que adianta estar rodeado de pessoas e não poder apontar nem meia dúzia de amigos verdadeiros?
De que adianta adiar planos e não poder se orgulhar do realizado com afinco?
De que adianta ter um teto e não poder sustentar o peso pesado da consciência sobre sua cabeça?
De que adianta conseguir a tão sonhada estabilidade financeira e não poder manter o equilíbrio emocional?
De que adianta poder comprar coisas e não poder conquistar sentimentos?
De que adianta adiantar o relógio da vida e não poder viver a vida no instante em que ela acontece?
De que adianta fazer tantas perguntas e não poder escolher as respostas?
 
por Cristina Hahn   

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