Por determinação da presidente Dilma Rousseff, o BANCO DO
BRASIL deve comunicar em breve a redução de sete de suas tarifas. O anúncio
deveria ter sido feito ontem, mas a instituição ainda não estava preparada para
colocar em prática a nova tabela de custos. A medida foi vista no mercado como
uma segunda etapa do embate entre Palácio do Planalto e bancos - por pressão,
todo o setor pode reduzir tarifas. Em reunião no Ministério da Fazenda,
dirigentes do BB tentaram dissuadir o governo, temendo impactos no balanço e nas
ações do banco. Mas, devido a fragilidade da economia e a intenção de
impulsionar o país por meio do crédito, foi mantida a ordem de reduzir os custos
para o consumidor.
Semelhante ao ocorrido com os juros no início do ano, quando BB e Caixa
diminuíram o custo do crédito, a presidência espera obrigar todo o segmento a
baixar tarifas. No início da semana, após uma bronca da presidente Dilma, o
Bradesco cedeu e foi o primeiro a diminuir os juros do rotativo do cartão de
crédito. Enquanto o consumidor comemorou o começo do processo de redução da
modalidade de crédito mais cara do país, os investidores e analistas chamavam a
atenção para o impacto no resultado das instituições financeiras. As ações de
todo o segmento despencaram durante a semana. Ontem, diante da expectativa de
que o BB mudasse suas tarifas, os papéis dos bancos sofreram nova rodada de
perdas. As ações do BB ficaram entre as cinco maiores quedas do dia, fechando em
baixa de 3,88%. Na semana, somaram perda de 6,49%.
As mudanças nas tarifas mobilizaram durante todo o dia de ontem a
Vice-Presidência de Negócio e Varejo do BB, comandada por Alexandre Corrêa
Abreu. A missão era projetar possíveis perdas, eventuais ganhos de escala e os
resultados disso no balanço. Também incluía apresentar quais tarifas poderiam
ser cortadas e em qual percentual. A área de Relação com Investidores também
teve bastante trabalho: recebeu grande número de ligações telefônicas de
analistas que queriam entender o impacto da decisão no balanço do banco.
Segundo a última apresentação de resultados da instituição, no primeiro
semestre do ano as rendas com tarifas bancárias chegaram R$ 10,3 bilhões. A
cifra é recorde e ajudou a impulsionar o desempenho do banco, que obteve lucro
de R$ 5,7 bilhões, 7,5% a mais que em igual período do ano passado. Os números
da instituição mostram ainda que os ganhos com tarifas foram potencializados
devido a reajustes no início de 2012. Enquanto a base de clientes cresceu 4,17%
no segundo trimestre de 2012 na comparação com igual período de 2011, as
receitas comerciais do BB avançaram 11,98% e as rendas de tarifas 15,30%.
Para um técnico do BB, a redução das tarifas terá apenas "impacto simbólico"
no balanço do banco. Ele acredita que, mesmo que haja algum desconto, não haverá
grande perda sobre os R$ 10 bilhões obtidos no primeiro semestre com serviços.
Já o mercado se mostrou preocupado. "Não é bom para o BB, porque denota
ingerência política forte. E não é bom para os bancos privados, porque, de uma
forma ou de outra, eles tendem a acompanhar o movimento", argumentou Salles.
Correio Brasiliense
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