Mulher denuncia lista de pessoas marcadas para morrer
Pelo menos mais nove pessoas estão marcadas para morrer e três carros serão incendiados. Essa foi a informação que a dona-de-casa Maria de Lourdes Santana, residente no centro do município de Rafael Fernandes, deu à equipe de reportagem da GAZETA DO OESTE, no início da tarde de ontem (16). Ela é mãe do agricultor Erinaldo Agostinho Nunes, 40 anos, que foi executado com cinco tiros de espingarda calibre 12 na noite de terça-feira, 14. Para a mulher, a onda de violência que se abateu na cidade minutos depois de ser conhecido o resultado das eleições para prefeito e vereador é uma espécie de represália a todos aqueles que se opuseram à candidatura derrotada. "O meu filho era um homem trabalhador e tinha amizade em toda a região. Ele não escondia as suas preferências políticas e sempre se manteve fiel trabalhando para o candidato que ganhou as eleições. Eu não tenho dúvida nenhuma", disse ela. O aposentado Manoel Agostinho de Santana, pai de Erinaldo Agostinho, ainda bastante entristecido pela perda do filho e da forma violenta como aconteceu, não conseguia conter as lágrimas e o pouco que falou foi para pedir justiça, coisa que a sua mulher insistiu em dizer que não existia naquela região. "É mais fácil esperarmos pela justiça de Deus", declarou. De acordo com a mãe da vítima, a boataria de que mais outras pessoas vão morrer, vai fazer com que ela e todos os seus parentes se desfaçam de todos os bens materiais que possuem para ir embora, morar em outro lugar. "Ninguém consegue mais ter paz depois que esta tragédia se abateu sobre nossa família. Estamos nos preparando para ir embora daqui", acrescenta. Ainda segundo ela, nos últimos doze anos, eles vinham acompanhando uma liderança política local e os adversários não se contentavam com isso. "Na minha família eram 14 votos e eles tinham raiva porque não conseguiam conquistar nossos votos. Muitas vezes tentaram nos comprar, mas nós nunca cedemos", explanou.O CASO O agricultor Erinaldo Agostinho - que também trabalhava como agiota-, todos os dias quando chegava à tarde ele ia deixar a esposa e a filha na casa da sogra e ao anoitecer retornava para buscá-las. Foi assim na noite de terça-feira, 14. Assim que ele estacionou a moto na frente da residência e chamou pelo nome de uma filha, com dois anos de idade, o desconhecido apareceu saindo de um matagal. "Meu filho deve ter pensado que se tratava de um assalto e ainda falou para o criminoso ter calma. Mas ele foi impiedoso e agiu. Não sei como a criança e a mãe dela não foram mortas. Elas presenciaram tudo", fala.O primeiro tiro disparado pelo desconhecido, que usava uniformes camuflados semelhantes ao do Exército Brasileiro, atingiu Erinaldo Agostinho abaixo do braço esquerdo, e ele caiu no chão. A seguir mais uma série de tiros, cerca de quatro, que lhe feriram num dos braços, esfacelando os ossos e os demais por outras partes do corpo. Terminado o 'trabalho', a pessoa sumiu pela mesma trilha que chegou. Há poucos metros do local, várias pessoas se encontravam bebendo em uma mesa de bar, mas ninguém o reconheceu.AS INVESTIGAÇÕES O delegado Roberto Cláudio Rodrigues Moura, titular da Sétima Delegacia Regional de Polícia Civil (7ª DRPC), com sede na cidade de Patu, está à frente do inquérito policial. A equipe de reportagem tentou contato com ele, mas não obteve êxito. "Ele está na 'Operação Oeste'", avisou um auxiliar. A respeito do caso, o policial disse que as investigações estão em andamento, mas até a tarde desta quinta-feira, 16, nada se tinha conseguido de positivo e que pudesse ajudar a elucidar o caso. O assassino estava com o rosto escondido por baixo de um capuz e o uniforme não deixava espaço para que pelo menos a sua fisionomia e estatura pudesse ser visto.

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