'Estagnação' explica saÃda, afirma ex-ministra Marina Silva
Ex-ministra do Meio Ambiente fala pela primeira vez sobre sua saÃda.Ela pediu para que não haja retrocessos no setor ambiental.
A ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, atribuiu nesta quinta-feira (15) sua saÃda da pasta a um processo que conduziu a uma "estagnação" e afirmou que o novo ministro, Carlos Minc (PT-RJ), pode dar "contribuição significativa" à polÃtica ambiental brasileira.
Questionada sobre se sua saÃda ocorreu em razão da indicação do ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, Roberto Mangabeira Unger, para coordenar o Plano Amazônia Sustentável (PAS), a ex-ministra respondeu que não saiu em função de uma pessoa especificamente.
"Não posso dizer que meu gesto é em função do doutor Mangabeira porque o ministro José Dirceu já coordenou esse processo, a ministra Dilma, o ministro Ciro Gomes coordenava. Não é uma questão de pessoa", disse.
"É uma questão de que você vai vendo um processo que cumulativamente as coisas estão andando, estão acontecendo e você percebe que começa a haver uma estagnação. E aà criar um novo acordo, com novo ministro (é a solução)", acrescentou.
Marina Silva disse, porém, não ter sido consultada sobre a escolha de Mangabeira Unger, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para coordenar o plano.
Novo ministro
Ela falou pela primeira vez à imprensa desde que pediu demissão na terça (13). Marina será substituÃda por Carlos Minc, que atuava como secretário de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro.
A ex-ministra afirmou que Minc pode dar "contribuição significativa" à polÃtica ambiental brasileira. "Conheci o Minc quando ele ainda tinha cabelo e ele corre o risco de perder um pouco mais. É um ambientalista que todos respeitamos e é uma pessoa qualificada para dar contribuição significativa ao paÃs", afirmou sobre o novo ministro.
Segundo ela, pode ser positivo que outra pessoa movimente as ações da pasta. "Às vezes você está em um lugar, consegue acomodar conquistas, elas são consolidadas. (...) E é preciso que se movimente o processo. É melhor um filho vivo no colo de outro do que tê-lo jazendo no seu próprio colo (...) Tenho certeza que o ministro vai ser capaz de mantê-lo vivo e fazê-lo crescer", argumentou.Marina disse que se Minc mantiver as polÃticas ambientais implementadas durante sua gestão, ela sairá vitoriosa.
"Se o Minc entrar aqui e mantiver a resolução do conselho monetário, fazer andar as unidades de conservação, se for capaz de colocar o eixo do desenvolvimento sustentável, aà vamos concluir que a saÃda da Marina não foi uma derrota, mas uma vitória", afirmou.
A ministra se referiu à resolução do Conselho Monetário Nacional, aprovada em fevereiro deste ano, que restringe crédito em áreas de desmatamento.
Retrocessos
Ela pediu para que o Brasil não tenha retrocessos na área ambiental com sua saÃda do cargo. "É fundamental que possamos preservar os avanços, é fundamental que não tenhamos retrocessos."
"Não podemos aceitar que se revogue a resolução do Conselho Monetário Nacional, não podemos aceitar que haja retrocesso sobre as unidades de conservação, que antes eram criadas em áreas remotas e agora estão sendo criadas na frente da expansão predatória e ajudou a frear o desmatamento", complementou Marina.
Momento difÃcil
A senadora disse que um dos momentos difÃceis que enfrentou no ministério foi em meio à polêmica sobre o licenciamento ambiental das usinas do complexo do Rio Madeira e defendeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Marcello Casal Jr / Agência Brasil
Marina Silva durante entrevista em que falou sobre sua saÃda do Ministério do Meio Ambiente. (Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil)
“Naquele momento eu podia sair e ficar como heroÃna, entre aspas, porque a versão seria de que eu teria saÃdo para não dar o licenciamento. Mas a posição do presidente Lula em nenhum momento foi para dar o licenciamento de qualquer jeito, para mudar a legislação”, lembrou. Ela também evitou polemizar sobre os ministros Dilma Rousseff, da Casa Civil, e Reinhold Stephanes, da Agricultura, com quem chegou a divergir sobre pontos da polÃtica ambiental. Um repórter pediu que ela atribuÃsse notas a eles e ao governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, com quem teve atritos. “Quando você dá uma nota, é uma coisa fria, você se atém um processo que não leva em conta uma avaliação. Não poderia reduzir jamais os meus colegas a uma nota. Seria deselegante”, respondeu.
Senadora
Marina Silva destacou que estava falando com a imprensa com senadora e que se sente "tranqüila" com a decisão de deixar o ministério.
"Eu já estou falando com vocês como senadora da República pelo meu querido estado do Acre. Eu quero dizer que essa decisão é claro que foi difÃcil, não posso deixar de dizer que é um processo doloroso, mas estou muito tranqüila em relação à decisão tomada porque tenho a clareza que ela contribui para o processo de fortalecimento da agenda ambiental do Brasil."
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